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Reflexões sobre a Conferência do Instituto Ethos

Na semana passada, o Instituto Ethos realizou a sua tradicional Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social. Segundo os idealizadores, esta foi à edição mais internacional de todas. E também uma das mais expressivas no debate de idéias que deverão marcar o cenário da responsabilidade social empresarial (RSE) no Brasil e no mundo. Se você trabalha com o tema em sua empresa, veja a seguir alguns pontos para reflexão: Cadeia de valor e bem-estar social. Um desafio importante para o movimento de RSE no Brasil é exceder o âmbito da empresa e avançar na direção da cadeia de valor, contribuindo para o bem-estar da sociedade.

Cresce no Brasil o número de corporações socialmente responsáveis. Mas esse avanço não tem produzido resultados para uma sociedade mais sustentável. São poucas as empresas que se articulam com todos os seus públicos de interesse, governos e organizações sociais em torno de alianças voltadas para a busca de soluções de interesse coletivo.Um dos temas abordados foi à necessidade de construir um mercado global socialmente responsável. De nada adianta empresas adotarem práticas de RSE se não existe, por exemplo, um ambiente institucional estimulante -- regulatório ou voluntário -- para o desenvolvimento sustentável do comércio nacional ou internacional. O mercado -como se sabe-- tem se mostrado incompetente para oferecer respostas aos problemas globais, que combinem eficiência econômica, justiça social e harmonia ambiental. Manuel Escudero, do Pacto Global, propôs a criação de barreiras éticas para os negócios -- uma idéia ousada, mas utópica num mundo dominado pela defesa de interesses muito egoístas.

Parece haver consenso de que a incorporação da cultura da responsabilidade social nos mercados depende do surgimento de lideranças socialmente responsáveis. E elas andam em falta mundo afora. Há bons gestores. Mas poucos líderes capazes de inovar, quebrar regras e provocar rupturas em modelos de negócio. Apesar de cético, Simon Zadek, da AccountAbility, enxerga sinais positivos: cresce o número de investidores preocupados com meio ambiente e com visão de longo prazo. Agenda é política Jodie Thorpe, da SustainAbility, apresentou um cenário provocativo para as empresas que querem ser sustentáveis no mercado globalizado. E fez recomendações. Segundo ela, serão mais eficazes as que tiverem cadeias de valor, plataformas tecnológicas e políticas de trabalho mais flexíveis. Terão sucesso as que usarem sua inteligência e criatividade para construir boas soluções e as que enxergarem nas crises ambientais e sociais boas oportunidades de novos negócios. Considerando o tamanho do desafio, toda solução exigirá uma mudança radical em modelos negociais e líderes engajados. Por último, Thorpe advertiu: a agenda da sustentabilidade é política, logo as empresas mais bem-sucedidas serão as que assumirem posição firme.

O aquecimento global é uma benção e uma catástrofe. Com o anúncio do desastre iminente, restou ao mundo a convicção de que ou mudamos ou perecemos. Como se trata de uma mudança de padrão civilizatório, ela não ocorrerá da noite para o dia. Na avaliação do John Elkington, da SustaintAbillity, os atores envolvidos terão de apanhar muito, e durante um bom tempo, para entender que corrupção, suborno e emissões que afetam o clima são inaceitáveis. Só então vão aceitar as novas regras.

Muito discurso e pouca prática. Para quem acha que este quadro só acontece no Brasil, um painel de especialistas internacionais mostrou que, na maioria das nações, as empresas têm dificuldade para cumprir preceitos básicos de RSE. George Mathew, da Índia, afirmou que, em seu país, elas fazem o suficiente para parecerem sustentáveis aos olhos do governo e da sociedade. Para Daisy Kambalane, o engajamento das corporações africanas só melhorou um pouco quando, recentemente, os governos estabeleceram códigos de conduta. E Linda Funnel-Milner lamentou que, na Austrália, não exista tantas ONGs ambientalistas para pressionar que as empresas sejam "verdes" não apenas na fachada.

No contexto atual de mudanças climáticas, a Amazônia significa uma grande oportunidade para o Brasil. É a chance de se apresentar ao mundo um novo modelo de desenvolvimento, baseado em um modo diferente de pensar o uso das águas e da biodiversidade, o agronegócio e a inclusão social. Esse novo modelo exigirá a criação de mecanismos de planejamento e processos de licenciamento ambiental mais éticos. Se entender o seu legado e fizer diferente, o Brasil servirá de inspiração para o mundo.

Para os especialistas internacionais, o Brasil constitui um laboratório de boas idéias, soluções inventivas e articulação intersetorial no campo da RSE. No entanto, a considerar estudo da AccountAbility, ainda engatinhamos em relação á sustentabilidade. A ONG realizou pesquisa com 109 países para mostrar a relação entre responsabilidade corporativa e competitividade no mercado internacional. Nela, procurou analisar a facilidade para a realização de negócios a partir de um conjunto de 21 indicadores. O Brasil está longe das primeiras posições do ranking. No grupo intermediário, ocupa o segundo lugar entre os 12 países emergentes, atrás da África do Sul, e à frente sobre Rússia, Índia e China. Ao final do evento, que reuniu empresas, governos e organizações da sociedade civil em torno de temas como diversidade, energia, água, políticas anti-corrupção e contra o trabalho escravo, consumo consciente e responsabilidade social na cadeia de valor, o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, chegou a uma conclusão sincera: "Em sustentabilidade, ainda estamos no jardim da infância".

Ricardo Voltolini é diretor de redação da Revista IdéiaSocial e consultor de Responsabilidade Social da Oficio Social


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